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Custos de logística estão mais representativos do que os fabris


A crescente dispersão geográfica de clientes e fornecedores eleva os custos de logística e, em muitos casos, eles já são mais onerosos do que os fabris. A advertência é do gerente de Planejamento de Materiais e Logística da MWM-International Motores, Carlos E. Panitz. Chairman do Simpósio SAE Brasil de Logística Automotiva e Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos, programado para 19 de abril na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, ele avalia nesta entrevista o estágio da logística no Brasil, os desafios colocados aos profissionais que atuam na área e revela a importância da sua adoção para a competitividade das empresas.

É possível, nos dias atuais, imaginar uma empresa sem política eficaz de logística e de gerenciamento da cadeia de suprimentos?

Carlos Panitz – Não. Gestão de Cadeia de Suprimentos lida com a maior parte dos custos de uma empresa industrial. Se entendermos que o custo de uma cadeia compreende os custos de aquisição de insumos e de logística de suprimentos e de distribuição, estamos falando entre 80% e 90% dos custos de uma organização. É muito importante que as estratégias de produto, manufatura, sourcing e logística sejam desenvolvidas de forma conjunta. Se a empresa pretende adotar uma estratégia de global sourcing, por exemplo, ela terá que estruturar suas operações logísticas para gerenciar longos lead times, diferentes padrões de comunicação, embalagens adequadas ao transporte internacional e eficiente processo de controle de alterações técnicas. E para muitas empresas, em função da crescente dispersão geográfica de clientes e fornecedores, os custos logísticos têm se tornado mais representativos do que os fabris. Mas geralmente existem muitas oportunidades escondidas de otimização de custos logísticos para as empresas.

Quais os principais desafios que precisam ser superados para a adoção de uma política eficaz nesta área?

Panitz – O primeiro deles é assegurar que exista um alinhamento entre as estratégias de negócio da companhia com a estratégia de logística. A logística precisa ser atuante e contribuir ativamente em decisões como estratégia de sourcing e localização de instalações industriais. O segundo desafio é qualificar os profissionais da área. Já foi o tempo em que a área de logística era apenas uma atividade marginal e de suporte a funções como vendas, manufatura e compras e, portanto, não necessitava de nível de qualificação elevado. O terceiro desafio está no ambiente externo. Para profissionais de logística que trabalham no Brasil, ainda existe um desafio a mais que são as deficitárias condições de infraestrutura de transporte do País, o que gera, para as empresas, elevados custos logísticos.

Existe no empresariado, de forma geral, o entendimento da importância da logística?

Panitz – Considerando pesquisas recentes como a realizada pelo Inbrasc (Instituto Brasileiro de Supply Chain) nota-se que a área tem ganhado mais importância dentro das organizações. Mas de uma forma geral esse quadro ainda é muito heterogêneo. Em empresas que possuem profissionais mais qualificados, a tendência é que a área ganhe destaque mais rapidamente, uma vez que os resultados aparecem e sensibilizam os dirigentes. Em empresas de grande porte, o entendimento da importância da logística já é bastante maduro. Basta ver que diversas companhias possuem posições de vice-presidência e diretoria para a área.

Onde ocorrem as principais diferenças entre uma empresa que adota mecanismos corretos de logística e de gerenciamento da cadeia de suprimentos e de outra  que não o faz?

Panitz – As diferenças aparecem nos níveis de inventário, nos custos logísticos (transporte, armazenagem e contingências), no nível de atendimento aos clientes (percentuais de entregas dentro do prazo; de atendimento de pedidos completos; tempo médio de ciclo de atendimento de pedido; de rupturas de abastecimento) e provisões de obsolescência. Esses são alguns exemplos.

Uma política de logística e de gerenciamento da cadeia é garantia de segurança para uma empresa tornar-se mais competitiva?

Panitz – Sem dúvida. Logística mexe com altos valores e, portanto, pode alavancar ou comprometer o resultado e o caixa de uma empresa. Por outro lado, os processos logísticos geram resultados que são percebidos diretamente pelo cliente: nível de serviço, agilidade, tempo de resposta, disponibilidade do item, possibilidade de customização. Existem dezenas de exemplos conhecidos de empresas, cujas estratégias logísticas foram o grande fator de competitividade e diferenciação. Dentre elas aparecem Wallmart, Seven Eleven, Dell, Apple, Submarino.com, VW (com o conceito de plataforma modular que se iniciou em meados dos anos 1990), rede de lojas Zara e Cemex, fabricante de cimento do México.

Fonte: Jornal do Comécio