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O que é Cadeia de Suprimento Flexível?


Fonte: Supply Chain Digest

Existe uma gama enorme de definições que são universalmente aplicáveis e estão no topo da lista de todo executivo de cadeia de Suprimentos. Os mais comuns são:   "melhoria da visibilidade da cadeia de suprimento", "gestão de risco da cadeia de suprimento", e – o foco dos dias atuais – "uma maior flexibilidade de cadeia de suprimento."
 
O que isso significa realmente?
 
Eu realmente estive pensando sobre esta questão desde que tive os primeiros contatos com este novo modelo de negócio. Tanto quanto eu muitos outros especialistas e ao mesmo tempo as empresas foram estimuladas a implantar este novo modelo de gestão empresarial e torná-las o mais flexível, sem que existisse no Brasil, conhecimento e especificidade sobre como fazê-lo. 
 
Acredito que em parte, a flexibilidade requerida pode ser tratada tipo "eu não posso defini-la, mas eu sei quando a vejo" o que convenhamos não é o foco correto. 

 
O que todos concordamos é que o aumento da flexibilidade na Cadeia de Suprimentos é vital para assegurar o crescimento sustentável e sua competitividade.
 
Para os presidentes da maioria das empresas, quando entrevistados, as respostas mais ouvidas são: “a habilidade de responder rapidamente às demandas e às oportunidades”.
 
O ritmo crescente das mudanças globais e o dinamismo em tudo, desde os preços das commodities às exigências dos clientes e a ameaça dos concorrentes, adicionados a uma redução continuada dos ciclos de vida dos produto, tornam evidentes a necessidade de maior flexibilidade.
Há mais de uma década atrás era possível enxergar uma quebra da flexibilidade da Cadeia de Suprimentos sob dois aspectos:
 
Micro flexibilidade: significando a rapidez com que a cadeia de Suprimentos detecta e responde aos gaps e oportunidades no curto prazo – até mesmo no curtíssimo – agora! A entrega atrasou! A demanda aumentou / caiu, o cliente quer um produto ou serviço especial; ou uma embalagem diferente!
Qual o tempo de resposta de sua cadeia de Suprimentos? Como é feita a gestão destas mudanças?

Macro flexibilidade: significando a velocidade de adaptação e execução dos processos da Cadeia de Suprimentos para novas estratégias e programas para suportar as mudanças globais da empresa ou do mercado. A empresa decide que quer construir um canal de comércio eletrônico direto ao consumidor, talvez com SKUs novos.
Qual a rapidez que a Cadeia de Suprimentos precisa ter para que isso aconteça?
 
Em 2004 consistente com os conceitos acima, o Dr. Hau Lee (Stanford University) escreveu na Harvard Business Review um importante artigo onde mencionava “The Triple-A Supply Chain,” (A Cadeia de Suprimentos com triplo A).
 
O primeiro “A” significava a "agilidade", similar ao conceito de micro flexibilidade. Lee comentou que o objetivo de ser mais ágil significava "responder às mudanças de curto prazo na demanda e suprimento, de forma mais rápida." Outros autores mencionam: prover constantemente os parceiros da Cadeia de Suprimentos com os dados sobre as mudanças no suprimento e na demanda de forma que eles possam responder prontamente.
O conceito como descrito por Lee era bastante semelhante a noção da cadeia de abastecimento “demand driven” (direcionada pela demanda) atualmente em voga.
O segundo “A” de Lee significava “adaptabilidade", que novamente foi muito semelhante à idéia de flexibilidade macro, e quase pode ser visto como sendo uma evolução do conceito – a cadeia de abastecimento deve constantemente evoluir e melhorar todas as vezes que as condições mudam em determinado tempo.Outros autores mencionam como sendo a adaptação do desenho da Cadeia de Suprimentos para acomodar as mudanças de mercado.
O terceiro A significava “alinhamento” cujo objetivo era alinhar os interesses de todas as empresas participantes da cadeia de suprimento com a sua própria e como cada ator maximiza seus próprios interesses, para otimizar o desempenho da cadeia também. Outros autores dizem ser o estabelecimento de incentivos aos parceiros para melhorar o desempenho total da Cadeia de Suprimentos.
Lee ajuda com algumas características das cadeias de suprimentos ágeis e adaptáveis, mas não o que poderíamos chamar de subsídios que nos ajudem a realmente medir qualquer dimensão. 
 
O Dr. David-Simchi-Levi (MIT) tem ao longo dos últimos anos, apresentado sua reflexão sobre outros aspectos de flexibilidade em SC. Embora focado especificamente na produção, ele não oferece uma definição mais específica em torno do que significa flexibilidade neste contexto. Se a Empresa possui 5 facilidades de fabricação de uma determinada linha de produção, e cada uma só pode produzir uma família de produtos, você tem flexibilidade 1X. Se cada uma pode produzir duas famílias, você tem 2X, etc, 5X ou "flexibilidade total" neste exemplo, significaria que cada planta pode fazer todos os produtos. 
 
O Dr David tem apresentado um grande trabalho mostrando os trade-offs de custos e benefícios em diferentes níveis deste tipo de flexibilidade. O resumo é que a melhor aposta é geralmente investir em alguns níveis de flexibilidade, mas a um nível relativamente baixo (digamos 2X ou 3X).
No mercado, nota-se que o modelo da Honda é elogiado por suas fábricas mais flexíveis, que lhe permitiu sobreviver tanto à crise nos preços da gasolina em 2008 e, em seguida, a grande queda da demanda com a recessão por ter fábricas que podem produzir inúmeros modelos versus o modelo mais específico devido à natureza das instalações dos concorrentes.
Acredito que uma boa medida de desempenho aderente ao conceito de “flexível” está associado à previsão de vendas. Como exemplo podemos citar: “a empresa ser capaz de produzir lucro e atender à demanda de clientes em mais ou menos 20% das previsões” .
Em 1999, o Professor Christopher Martin, da Cranfield School of Management de Londres  escreveu um artigo que foi bem aceito,"The Agile Supply Chain", onde afirmava que a “agilidade” da cadeia tinha quatro dimensões:
Uma Cadeia de Suprimentos ágil é aquela que só é acionada por demandas reais;
É aquela que atua de forma "virtual", reabastecendo o estoque com informações disponíveis na cadeia de suprimentos estendida;
É a que se destaca pelo seu processo de integração entre os parceiros comerciais, e
)É a que atua como uma Cadeia de Suprimentos.
Se por um lado parecem dimensões simples de serem demonstradas, pergunte-se quantas empresas no Brasil você pode apontar como sendo melhores práticas deste modelo? Quanto falta para alcançar esta excelência?
A flexibilidade como mencionada ao longo deste artigo, requer, em última análise o uso dos sistemas de gestão (ERP) e demais softwares da cadeia de Suprimentos, uma vez que estes podem ser facilitadores ou destruidores da flexibilidade, dependendo do uso que as empresas façam deles.
Então, existe alguma maneira de realmente avaliar ou realmente medir mesmo qualquer tipo de flexibilidade?
Não estou seguro, depois de mais de 15 anos quanto à clareza das respostas, creio que vai exigir de nós, profissionais de SC mais pesquisa, estudo e investimento das empresas que usam seriamente este modelo de negócio. Acho que seria bom para a indústria focar seus esforços e profissionais numa melhor definição destes conceitos importantes.

Como dizem, só podemos gerenciar aquilo que medimos!