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Dados da Logística no Brasil


 

Uma das maiores críticas dos varejistas brasileiros em relação à infra-estrutura do País está ligada à logística. E embora ela demande grandes investimentos, pouco se sabe sobre as principais práticas logísticas existentes no País. A pesquisa mais recente sobre o assunto é de 2010, realizada pelo Instituto de Engenharia de Gestão (IEG) e ouviu cerca de 100 executivos de mais de 70 empresas brasileiras pertencentes a nove setores. Apesar de já ter um ano, vale a pena destrinchar suas descobertas, dada a relevância do tema.

Em média, os custos logísticos representam 8% do faturamento bruto das empresas e apresentam a seguinte distribuição: Transporte (50%), Estoques (22%), Armazenagem (14%), Administrativo (10%) e Outros (3%). “A maneira correta de atuar de forma competitiva é buscar melhorias contínuas junto a todos os elementos desta cadeia, de forma a reduzir custos, melhorar a qualidade dos produtos e o nível de serviço para os clientes finais”, explica Vanessa Saavedra, engenheira e sócia do IEG.

A pesquisa constatou ainda a deficiência de opções modais no Brasil. A maior parte do transporte de produtos industriais ainda é executada pelo modal rodoviário (78%). No entanto, 62% das empresas pesquisadas possuem iniciativas de intermodalidade. Ao considerar as empresas que não buscam outros modais complementares, a participação do modal rodoviário sobe para 85%, e restringindo o grupo de empresas que buscam intermodalidade, o uso do modal rodoviário na distribuição cai para 73% na média.

Especificamente em relação ao transporte rodoviário de cargas (TRC), os executivos das empresas pesquisadas indicaram que a prioridade é a redução de custos (67%), seguido de melhoria no gerenciamento de terceiros (27%). Para tentar melhorar a eficiência no TRC, as empresas vêm buscando, em sua maioria, sistemas de otimização de fluxos (59%) e rastreamento por satélite (58%).

A pesquisa revelou que apesar de muito se falar em parceria, poucas são as empresas que a coloca em prática.  Quando perguntadas qual o grau de importância nas tendências relacionadas à gestão de fornecedores, as empresas atribuíram grande importância ao estabelecimento de relacionamentos de confiança (72%) e ao envolvimento de seus fornecedores com os propósitos gerais da empresa (61%). Em contrapartida, as empresas não estão dispostas a compartilhar informações com seus fornecedores, caracterizando o relacionamento como uma prestação de serviço simplesmente. Apenas 48% das organizações possuem relacionamentos que podem ser considerados de parceria. “A troca de informações é considerada um fator crítico para o sucesso dos relacionamentos logísticos. Entretanto, os executivos das grandes empresas brasileiras indicaram que o compartilhamento de informações ainda é a menor prioridade no que tange ao relacionamento com seus fornecedores”, destaca Vanessa.

O levantamento também analisou as razões pelas quais as corporações decidem terceirizar. A busca por menor custo do serviço foi, por muito tempo, o aspecto principal e único envolvido nesta decisão. No entanto, o processo de terceirização das atividades logísticas, como realizado atualmente, é resultado de uma nova configuração das relações na cadeia de suprimentos, onde 86% das grandes empresas utilizam prestadores de serviços logísticos. “Muitas razões levam as organizações a buscarem soluções externas para atividades que antes eram realizadas por elas próprias, mas o custo não é mais o único motivo expressivo”, explica a engenheira.

A pesquisa constatou que os principais motivos que levam à terceirização são redução de custos (26% de empresas) e foco no core business (20% das empresas). De forma geral, as atividades logísticas mais terceirizadas pelas empresas brasileiras são: Transporte de Carga Fechada (83%), Transporte de Carga Fracionada (77%) e Desembaraço Aduaneiro (70%), ou seja, atividades bastante operacionais, mas que exigem uma boa escala de atendimento. Questões mais estratégicas como a gestão da cadeia de suprimentos e o e-commerce são as menos terceirizadas pelas organizações.

O IEG constatou ainda que as tendências na terceirização não vão se alterar a curto prazo: as mesmas atividades terceirizadas hoje, são aquelas que mais serão terceirizadas no futuro. No entanto, a atividade com indicações de que mais aumentará a terceirização no futuro será a gestão integrada das operações logísticas, que possui um papel extremamente estratégico nas organizações.

Fonte: No Varejo