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Comércio Exterior versus Logística = gargalos


Fonte: Incorporativa

A matriz de transporte brasileira demonstra claramente a fragilidade para deslocar as riquezas geradas de um ponto a outro. Não basta estarmos ano a ano melhorando a produtividade de nossa indústria e agropecuária se a infraestrutura não acompanha esta evolução e se o governo não providenciar as correções necessárias para que se possam transferir estas riquezas, continuaremos a ser “o país do futuro”.

É assustador saber que duplicamos a produção de soja por área plantada num período de 10 anos se neste mesmo período a capacidade de escoamento desta produção, cujo principal destino é o mercado externo, continua praticamente estagnada apesar de algumas melhorias, mas o insuficiente.

O sistema multimodal possibilita às empresas brasileiras agregarem muito valor às suas operações não só reduzindo custos logísticos, mas principalmente permitindo que haja maior integração e controle sobre a movimentação dos produtos em mercados desconhecidos do ponto de vista logístico. A migração de vendas em modalidades Ex-Works (preço na produção), FOB (preço a bordo do navio) e até mesmo CIF (custo da mercadoria mais o valor do frete e do seguro), possibilitado pelo multimodalismo, permite maior inserção dos produtos brasileiros no mercado internacional, principalmente para as pequenas e médias empresas, cujas estruturas não permitem ter em seus quadros especialistas em logística internacional.

No entanto o mercado, principalmente o exportador, ainda aguarda profundas alterações na infraestrutura brasileira, como a criação de melhores regulamentos; revisão na forma de concessão de ferrovias que foram realizadas por regiões e não por corredores de transporte o que permitiria a atividade concorrencial entre diferentes concessões; no modal aquaviário com melhorias que há muitos anos se fazem necessárias. Neste sentido é só observamos os últimos relatórios publicados nos jornais de grande circulação no país e em sites especializados na primeira semana de fevereiro.

Neste sentido, quanto mais afastado o centro de geração de produção e os de consumo, maior será a distância e as dificuldades de e para o transporte, seja internamente ou para se levar os produtos para os portos, aeroportos ou fronteiras.

O setor de transportes faz parte da infraestrutura econômica de um país. A produção e as riquezas desse país só poderão circular adequadamente e com custos justos se as vias de transportes foram concebidas de forma moderna. Apesar de o transporte ser atividade meio, entre a produção e o consumo, com o grande aumento da comercialização entre os países, fruto da globalização de mercados, o transporte e o comércio exterior passaram a existir de forma indissoluvelmente ligadas, ganhando o transporte novas dimensões de importância ao se constituir, ele próprio, em fator de geração de 3 novas atividades: infraestrutura viária, operações e serviços logísticos.

Um país como o nosso, de dimensões continentais, grande produtor mundial, não pode ficar à mercê de retóricas e promessas, pois o mundo é um grande condomínio de países e as empresas são seus habitantes que convivem diariamente circulando no mesmo ambiente.

* Prof. Nelson Ludovico é doutor e mestre em comércio exterior e negócios internacionais, prof na FGV/SP desde 1984, coordena MBA no Instituto Nacional de Pós-Graduação -INPG desde 1990. Autor de livros pela Ed.Saraiva e sócio do LICEX.