Home > Notícias > Analisando a gestão de estoque

Analisando a gestão de estoque


Recentemente diversas matérias da grande imprensa falaram sobre o alto nível de estoque de empresas brasileiras, e dados da consultoria Economática trouxeram à luz que os estoques chegaram a R$ 141,58 bilhões no fim de junho, o que representa 23% do ativo circulante, número 8% maior que o volume dos últimos 12 meses. As empresas apostaram em vendas maiores e agora com o estoque acumulado precisam readequar os produtos ou se desfazer com promoções. Pedimos a três especialistas em gestão de estoque para que analisassem esse quadro:

Luiz Fernando Melo Gripp,gerente de marketing de operações da NeoGrid

“Projetar demanda baseado no passado é arriscado, pois o cenário pode não se repetir. Ao gerir estoque, há de se calcular uma margem de erro pois há incertezas envolvidas quando se compra com muita antecedência: o inverno pode não ser tão frio, o endividamento pode aumentar além da projeção moldando um consumidor mais cauteloso… Mas é preciso ter mecanismos para fazer a gestão dessas incertezas, entendendo a complexa dinâmica do que expor na loja e o que estocar. Não basta apenas reduzir o estoque o que pode gerar queda na disponibilidade do produto e ruptura , mas, sim, balanceá-lo de acordo com a demanda de cada região. Por exemplo, no Nordeste a demanda por sandálias é estável o ano inteiro enquanto que no Sul é sazonal, e se analisarmos por tamanho dos calçados também há variações, e por aí vai… A saída é entender o comportamento da demanda e estar munido de soluções tecnológicas para fazer esta leitura.”

Maria José Gonçalves,responsável pela área de varejo da WeDoTechnologies

“Para uma gestão de estoque confiável é fundamental controlar todos os pontos da cadeia de suprimento e em todas as fases do ciclo de vida do produto. Isso envolve: planejar quantidades a comprar ou a produzir; movimentação dos armazéns para as lojas e entre lojas; gestão do estoque dentro da própria loja (prateleira e armazém), planejamento de promoções e ofertas. Ou seja, é necessário uma visão global do estoque. Uma boa prática, principalmente no varejo alimentar, é ter o chamado Pl-Perpetual Inventory, que permite ter a informação de estoque centralizada e sincronizada várias vezes ao dia. Há alguns anos esse tipo de informação era considerada quase uma utopia, pois a informação do estoque residia em cada silo loja, armazém ou financeiro -e não havia alinhamento nem integridade da informação. As soluções que asseguram a visibilidade do nível de estoque bem como a combinação e cruzamento perto do tempo real com as informações de todas as transações que impactam esse mesmo nível de estoque (por exemplo: vendas = diminuição estoque; entrega = entrada de estoque; devolução de cliente = entrada de estoque) permitem que os varejistas tenham menos perdas, controlem rupturas (que significam perdas de receita e também potencial perda do cliente), comprem melhor (quantidades adequadas à evolução do nível de estoque), potencializando, dessa forma, a receita e custos (valor investido no estoque) da empresa. Num mercado em crescimento como o Brasil pode haver a tentação de ser otimista e comprar em grandes quantidades. O resultado pode ser o relatado acima sobre o alto nível de estoque.”

Bruno Araújo,gerente de desenvolvimento de negócios de varejo da Sonda IT

“Gerar níveis de estoque baseados na intuição é arriscado. Desconectar o estoque da gestão financeira é outro erro. A economia em escala deve ser observada segundo a capacidade de investimento da empresa. Quando há controle, o principal benefício é o ganho em escala. Isso se consegue com um controle rígido das fases de negociação com fornecedores (agendamentos, visitas e entregas), e automatização dos processos de vendas como baixa automática do estoque e reposição de gôndolas. Estoques são recursos financeiros ociosos, quanto mais demoram para girar maior o tempo de retorno do investimento. Um estoque bem dimensionado por parâmetros poderá a qualquer momento ser trabalhado para gerar recursos financeiros de curto prazo, sem prejuízo do abastecimento, evitando que a empresa precise recorrer ao mercado financeiro para captar recursos. A grande maioria das empresas, por não possuir ferramentas confiáveis ou bases de dados estáveis, executa sua previsão de demanda com base em dados históricos, esquecendo de considerar o alto grau de dinamismo e volatilidade do mercado, fruto da forte disseminação de informação dos consumidores. Normalmente nesses casos há uma inversão de papéis de duas áreas: compras e gestão de estoque. O departamento de compras, por meio de suas negociações, compromete o investimento em quantidade de produtos muito além do razoável, sobrecarregando os estoques. Quando na verdade as quantidades deveriam ser determinadas por meio de estudos estatísticos, com o auxílio de ferramentas de análise de demandas, além, é claro, de planejamento de vendas e determinação do mix ideal de comercialização.”

AS PERDAS NO VAREJO SUPERMERCADISTA BRASILEIRO SOMARAM, EM MÉDIA, 1,96% DA RECEITA OPERACIONAL DAS EMPRESAS EM 2011. QUEBRA OPERACIONAL AINDA É A MAIOR RESPONSÁVEL PELO PREJUÍZO:

PRINCIPAIS CAUSAS:

Os produtos com validade vencida continuam registrando a maior causa da quebra operacional nas redes de supermercados, com um total de 35%.
Outras causas deste quesito avaliado foram: produtos danificados por colaboradores (20%), produtos danificados por clientes (17%), causas adversas (16%) e embalagens vazias com conteúdo furtado (14%).

FONTE: IEVAHTAMENT0 FEITO COM 262 EMPRESAS BRASILEIRAS DO SETOR DE SUPERMERCADOS, POR PROVAR/FIA, ARRAS, HIELSENEIBEVAR

Fonte: Revista No Varejo