Home > Informativos > Jan 2018 – Um Projeto Focado na Cadeia de Suprimentos Hospitalar 4.0

Jan 2018 – Um Projeto Focado na Cadeia de Suprimentos Hospitalar 4.0


O futuro da gestão com cuidados da saúde pode estar claro para as organizações que aprenderam a reagir rapidamente às tendências e não são resistentes às decisões que promovem disruptura. Essas organizações estão usando cada vez mais análises avançadas e explorando o valor que a tecnologia digital pode trazer.
Buscando despertar a atenção dos que nos leêm, vamos iniciar abordando algumas recomendações para os líderes da cadeia de suprimentos em saúde e ciências da vida. Será que os excelentes resultados que as Indústrias e serviços de outros segmentos estão colhendo com o modelo de gestão em Cadeia de Suprimentos, pode de alguma forma podem influenciar o segmento hospitalar? Podem seus gestores aprender com as últimas tendências e práticas inovadoras em uso?
Senão, vejamos: quem seria conta o estabelecimento de um controle e visibilidade ponta a ponta dos processos de sua organização?
E se para isso fosse preciso se associar com os demais atores na prestação de cuidados ao paciente e no uso de soluções tecnológicas que permitam uma visão da demanda, oferta e estoque?
Quem não contrataria profissionais capacitados em análise de dados que desenvolvam suas habilidades em benefício das regras do negócio através do uso da ciência de algoritimos para a tomada de decisão?
E se para isso fosse requerido sistemas que não permitam manipulação dos dados para que possam provê-los de forma acurada (pessoas certas, dados certos, decisões mais precisas)?
Quem não perseguiria uma estratégia de cadeia de suprimentos digital, investigando simultaneamente quais as novas tecnologias disponíveis para aumentar a capacidade atual (mais com menso)?
E se para isso fosse necessário alinhar o modelo operacional atual para entregar resultados através de novos canais e conexões digitais?
Quem não buscaria primeiro inovar, estressando os recursos atuais (prática comum da teoria das restrições) para saber com quem se pode efetivamente contar para um novo patamar de desempenho?
E se para isso fosse necessária uma abordagem nova que permitisse chegar aos recursos suficientes para melhorias de eficiência que reduzam seus custos operacionais e a necessidade de capital de giro?
Este é o tema de nosso boletim de Janeiro: Um Projeto Focado na Cadeia de Suprimentos Hospitalar 4.0.

INTRODUÇÃO
Enquanto a excelência da cadeia de suprimentos continua a ser uma nessecidade vital das organizações que lidam na Cadeia de Suprimentos da saúde, os gestores mais bem-sucedidos são aqueles que reagem rapidamente às oportunidades e às disrupturas estando preparados para superarem aqueles que não podem.
Em todos os segmentos de atuação do modelo de gestão da cadeia de suprimentos, a importância da liderança foi o ponto alto que os pesquisadores enfatizaram em 2017. Numa visão global, uma série de cadeias de suprimentos – representando todos os segmentos da cadeia de valor da saúde – promoveram mudanças no topo de suas organizações, trazendo como consequência, mudanças radicais na estratégia de condução das organizações.
As mudanças que não foram bem-sucedidas, corresponderam a deslocamentos que ao invés de se concentrarem no exterior – em estratégias que são imperativas para mover a cadeia de suprimentos hospitalar coletivamente para a frente, se perderam e decisões miopes e isoladas (pontuais, ao invés de gerais).
Como uma forma de criar a visibilidade, a capacidade de resposta e a colaboração necessárias para criar um caminho para o futuro, muitos líderes da cadeia de suprimentos investem em impulsionar melhorias no custo, estoque e serviço enquanto planejam meios de lidar com as maiores oportunidades e ameaças que enfrentam suas organizações.
O modelo de Cadeia de suprimentos 4.0 traz consigo uma transformação digital na produção, resultando em fábricas inteligentes; o conceito traz em seu cerne a visão de materiais, bens, serviços e máquinas interligados, onde os bens satisfazem as necessidades e requisitos dos clientes pela cadeia de suprimentos de forma auto-organizada.
O modelo 4.0 ganha força nos setores de fabricação de alto valor. Este artigo pretende induzir o que essa visão orientada pela tecnologia pode oferecer às organizações da indústria da saúde.
O QUE É O MODELO DE INDÚSTRIA 4.0
O modelo de Indústria 4.0 prevê fábricas e cadeias de suprimentos onde bens e máquinas estão todos conectados à internet, comunicando-se, trocando, coletando e analisando dados e coordenando processos de forma distribuída. Este sistema integrado orientado a dados permitirá uma maior capacidade de resposta aos requisitos dos clientes, levando a indústrias mais flexíveis no futuro.
Esse novo modelo é resultante de várias tendências tecnológicas fortes: primeiro, chips de computador, sensores e transmissores que estão cada vez mais miniaturizados que permite incorporá-los em mais e mais máquinas e também bens dando-lhes “inteligência”, tornando-os “inteligentes”. Em segundo lugar, a comunicação sem fio conectando quase tudo à Internet, desfocando o limite entre o mundo digital e o mundo físico, permitindo que máquinas e produtos se comuniquem de forma direta e autônoma.
Juntas, essas tecnologias permitem a criação de sistemas auto-organizados que coletam e trocam dados em uma escala sem precedentes e tomam decisões de maneira autônoma, inteligente e descentralizada. Adicione a isso outros avanços tecnológicos, como a computação em nuvem, que oferece escalabilidade mesmo para pequenas empresas, grandes análises de dados que permitem manuseio e interpretação de grandes quantidades de dados em tempo real e inteligência artificial que permite que as máquinas aprendam (machine learning) e se ajustem formando uma mistura poderosa que é capaz de transformar os processos da indústria e levá-los a um novo nível.

A EVOLUÇÃO CONSTANTE
Produtos, mercados, agencias reguladores e pacientes buscam novas formas de atendimento das Cadeias de Suprimentos farmacêutico – hospitalar, desde os produtores aos leitos dos pacientes; e essas demandas estão aumentando a uma taxa acelerada.
Por exemplo, a McKinsey proprietária das Melhores Práticas Farmaceuticas (POBOS – Pharma Operations Benchmarking) sugere que a complexidade (definida pelo numero de SKUs por linha de embalagem) aumentou mais de 50% noa últimos 5 anos; número que a cadeia de suprimentos atual não conseguirá suportar, a menos que sejam desenvolvidas novas capacidades e formas de trabalho para transformar velocidade, eficiência, flexibilidade e confiabilidade em toda a cadeia de valor.
Como os produtores de Mat / Med e OPME podem melhorar seus custos, velocidade e acurácia, através do desempenho de suas cadeias de suprimentos? Em nossa experiência com alguns laboratórios, a adoção de melhores práticas em previsão e planejamento poderia alavancar inúmeros benefícios. Entre essas melhores práticas encontramos: integrar a cadeia de suprimentos com a estratégia do negócio; busque um modelo ágil que permita uma cadeia de suprimentos gerenciada pela demanda (demand driven Supply Chain); promova um gerenciamento robusto de seus fornecedores; implante parcerias com distribuidores e outros parceiros que alavanquem seu modelo de gestão.
Muitas empresas farmacêuticas estão perto de operar cadeias de suprimentos de tamanho único; ou seja, elas serão diferentes apenas entre linhas de produtos, muitas vezes apenas para produtos de cadeia fria (vacinas e outro itens biológicos, mantidos e baixa temperatura).
Na prática, a rentabilidade, a densidade de valores, a variabilidade da demanda e o tratamento da criticidade para os pacientes e as expectativas de custo e serviço dos clientes podem variar significativamente e cada cadeia de suprimentos. Essas diferenças podem ter um efeito profundo nos processos ótimos de planejamento, produção, inventário e logística para diferentes produtos, mercados e grupos de clientes.
As cadeias de suprimentos estão ficando cada vez mais complexas: a produção de Mat/Med e OPME está se espalhando por todo o mundo, os mercados estão se tornando cada vez mais globais, mais voláteis e a complexidade do SKU está aumentando continuamente. Diante dessas tendências, confiar em altos níveis de estoque para manter o serviço está se tornando uma abordagem onerosa e ineficaz, mas ainda é a adotada pela maioria dos profissionais de saúde.
Em vez disso, as empresas precisam intensificar a capacidade de resposta de suas cadeias de suprimentos substancialmente para sustentar ou aumentar o serviço, mantendo os custos sob controle estrito. Agilidade significa mais do que apenas ser rápido quando há uma emergência – significa construir um modelo operacional que possa responder melhor sistematicamente às mudanças na demanda e aos desejos dos clientes, ao mesmo ou mesmo custo reduzido.
UM PROJETO ESTRUTURADO
Em muitas organizações de saúde, a cadeia de suprimento de hoje, desde o laboratório, passando pelos distribuidores e chegando ao paciente, permanece fragmentada, com visibilidade e interconexão limitadas.
Imagine o dia em que os laboratórios e demais atores dessa cadeia pudessem monitorar as mudanças de demanda dos pacientes em tempo real e mudar seus horários de produção de acordo; imagine os hospitais e as farmácias saberem exatamente a disponibilidade dos medicamentos com baixo estoque, onde estão as reposições e quando seriam entregues; e as agencias reguladoras poderiam exigir “recall” de produtos adulterados com precisão em cada ponto da cadeia de abastecimento?
Infelizmente, ainda hoje, os fabricantes e seus parceiros comerciais lutam para entregar “pedidos perfeitos” e gastar inúmeras horas corrigindo erros nas transações financeiras e pedidos que recebem dos clientes.
A comunicação efetiva e transparente através do uso de padrões de colaboração comuns é parte do desafio para uma verdadeira integração de cadeia de suprimentos de ponta a ponta, mas, como em outros setores, os diferentes atores precisam encontrar formas de colaborar de forma mais eficaz em conjunto com base nesses dados, a fim de colher todos os benefícios potenciais.
As empresas podem não precisar negociar diferentes aspectos do desempenho de sua cadeia em busca de melhorias, mas muitos o fazem inadvertidamente, fazendo mudanças isoladas de seus processos acarretando custos ou problemas extras inesperados em outros lugares. As empresas que adotam esta abordagem de “silos” muitas vezes lutam para criar qualquer impacto significativo por seus esforços. Na prática, o gestor da cadeia de suprimentos é uma das atividades cruzadas mais funcionais de todos os processos de negócios, e qualquer tentativa de impulsionar a melhoria também deve ser de natureza funcional.
Primeiro deve ocorrer o despertar para uma organização com melhores controles, depois melhores processos, em seguida melhores colaboradores. Ao atingir um pouco mais de maturidade (evoluindo a partir da simples busca de menores custos da cadeia de suprimentos e melhor serviço em uma empresa individual), agora, a colaboração e a visibilidade são fundamentais. Parceiros em toda a cadeia de valor da saúde precisam trabalhar juntos para reduzir os custos dos procedimentos em busca de melhores resultados.
Enquanto os gestores buscam ferramentas para entender e conectar todos os custos do paciente da pré-admissão ao atendimento pós-alta, os principais fabricantes criam equipes de cadeia de suprimentos encarregadas de trabalhar diretamente com seus clientes.
CONCLUSÃO:
Por mais visionária e futurista que seja o modelo da Indústria 4.0, ainda há inúmeros desafios que precisam ser abordados. Com o aumento da interoperabilidade exigido pela internet, os sistemas precisam ser capazes de se comunicar, não apenas no nível técnico, mas também no nível de aplicação. Isso significa que os padrões globais e os protocolos de compartilhamento de dados são absolutamente cruciais para o seu sucesso. As preocupações óbvias ao conectar tudo à Internet são segurança e segurança de dados. Relacionado à segurança de dados é também a questão da propriedade de dados. A segurança dos dados é importante, por exemplo, para a proteção da propriedade intelectual e os dados da empresa, mas é particularmente preocupante para a indústria (bio) farmacêutica porque os dados de saúde são muito sensíveis. E uma maior conexão também vem com um risco aumentado de ataques cibernéticos, que na indústria farmacêutica poderia, por exemplo, levar a adulteração do processo de produção e resultar em drogas manipuladas ineficazes ou prejudiciais entregues ao paciente. Mesmo sem um atacante maléfico, é preciso pensar em responsabilidade e responsabilidade em uma rede de produção auto-organizada buy viagra online usa que consiste em vários partidos, se algo der errado. E mesmo para uma única máquina inteligente, pode-se perguntar se é o fabricante do medicamento ou a responsabilidade do fabricante da máquina se a máquina “inteligente” tomar decisões incorretas.
Outroponto a ressaltar é que, sistemas auto-organizados requerem novas ferramentas e paradigmas para controle efetivo. Uma vez que esses sistemas são muito complexos e dependem de muitas entidades descentralizadas de tomada de decisão, o uso de técnicas exatas e provávelmente ótimas não será possível.
Com a particularidade da cadeia de suprimentos hopitalar, incluir prestadores de cuidados de saúde e os dados dos pacientes, devemos considerar os desafios em torno da propriedade dos dados e as implicações dos dados de feedback do paciente. A criação de soluções de fabricação e teste automatizadas, a padronização de procedimentos em toda a cadeia de suprimentos, bem como a rastreabilidade em tempo real tem potencial para ser uma mudança de jogo e uma alavanca crítica para uma oferta diferenciada de serviços aos pacientes; que no final, são a razão da existências dos demais atores. A adoção da indústria 4.0 também será um fator chave para garantir o acesso maior do paciente a essas novas terapias biológicas de forma acessível.
Ainda há muito trabalho a ser feito, as cadeias de ensaios clínicos e de suprimento operacional em muitos casos permanecem distantes e autônomas, a tecnologia, que promete uma melhor visibilidade e conexão em toda a cadeia de suprimentos de ponta a ponta, até o paciente, ainda não esgotou todo o seu potencial. Os líderes da cadeia de suprimentos continuam buscando uma inovação colaborativa que um dia dará à indústria de cuidados com a saúde a mesma visibilidade entre suprimento e demanda para resultados bem-sucedidos que irão torná-la mais responsiva, pontual e econômica.

BIBLIOGRAFIA
Atzori L, Iera A, Morabito G. The Internet of Things: A survey. Computer Networks 2010;
54(15), 2787–2805.
Farid SS & Davidson A. BioIndustry Association Guest Blog: Improving the biopharma supply
chain. November 2014. http://blog.bioindustry. org/2014/11/13/guest-blog-improving-the-
biopharma-supply-chain/
Klutz S, Magnus J, Lobedann M et al. Developing the biofacility of the future based on
continuous processing and single-use technology. J. Biotechnol. 2015 213, 120–30.
Shah N. Pharmaceutical supply chains: key issues and strategies for optimisation, International
Conference on Foundations of Computer-Aided Process Operations, Publisher: Pergamon-
Elsevier Science Ltd. 2004; 929–41.