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O Modelo de Jay Forrester e a Cadeia de Suprimentos


O Professor Jay W. Forrester é pioneiro da dinâmica industrial que permitiu aos pesquisadores em gestão entenderem suficientemente bem a dinâmica da mudança dos sistemas econômicos / de negócios. 

O processo do pensamento dominante e seus defeitos são apontados na história de sucesso de sistemas dinâmicos explicada com a ajuda do modelo de produção-distribuição.

Em 1958, as primeiras palavras escritas pelo pioneiro dos Sistemas Dinâmicos (até entã conhecida como Dinâmica Industrial) Jay W. Forrester foram “A Gestão está à beira de um grande avanço na compreensão de como o sucesso das empresas industriais dependem da interação entre os fluxos de informações, materiais, mão de obra e equipamentos”.

Seu artigo intitulado “Dinâmica Industrial: um grande avanço para Tomadores de Decisão “na Harvard Business Review atraiu a atenção dos pesquisadores em gestão. Ele, em seu trabalho levantou algumas questões fundamentais no início dos anos 60 que a maioria dos gestores das empresas é capaz de compreender apenas agora.

Ele claramente respondeu à pergunta sobre qual é a próxima fronteira do nosso conhecimento. Os grandes avanços e oportunidades no futuro ele previu que apareceriam no campo da gestão e da economia. A mudança do aspecto técnico para o social ficou evidenciada na forma como a competição global e as regras do jogo mudaram.

 A questão principal agora é: entendemos bem a dinâmica de mudança no sistema econômico / comercial a ponto de podermos liderar projetos nessa nova fronteira?

O termo cadeia de suprimentos (SCM) parece ter se originado a partir de Oliver e Webber no início dos anos 80. Começou como um conceito que se baseia, sobretudo numa visão holística coordenada dos diversos segmentos da cadeia de suprimento e demanda das áreas funcionais e a importância estratégica desta.

A ênfase ocorreu na cadeia de suprimentos interna e uma visão mais ampla das atividades operacionais de logística. Com o tempo, pesquisadores e profissionais assimilaram o termo e associaram novos significados a ele.

A idéia subjacente de coordenação é um pouco antiga, como vários autores apontaram com exemplos a séculos atrás. Entretanto, os princípios da SCM foram pela primeira vez sistematicamente identificada por Forrester.

Para entendermos a contribuição de Jay Forrester, faremos  um breve panorama geral, dos desenvolvimentos históricos que são relevantes para a derivação do conceito de SCM desde o processo evolutivo que ocorreu. Examinaremos as diferenças entre  a gestão da logística, bem como, as diferentes percepções atuais e definições de SCM que foram introduzidas.

Antes de 1975, os mercados eram predominantemente controlados pelos fornecedores, que muitas vezes eram fabricantes originais de equipamentos (OEM). O foco desses Fabricantes era suas próprias operações, com pouco ou nenhum relacionamento colaborativo com os fornecedores. Compras e suprimentos existiam para “satisfazer a produção”. A ênfase era colocada nos custos de produção por unidade, com pouca flexibilidade em produto e processo.

Kumar e Chandra também marcam o ano de 1975 como a data até à qual as empresas haviam se concentrado na otimização funcional e suas relações com fornecedores tinham sido principalmente adversárias.

Com a introdução do planejamento das necessidades de materiais (MRP) em 1970, os gestores perceberam o impacto do estoque de produtos em elaboração nos indicadores chave de desempenho, tais como custo, qualidade, novos desenvolvimentos de produto e tempo de entrega.

Nos anos seguintes, as empresas começaram a perceber os benefícios da coordenação e integração dos processos  dentro da corporação. Nos anos 80, estes conceitos se ampliaram com conceitos mais sofisticados e organizados de gestão. Foram introduzidas iniciativas de qualidade como a filosofia de gestão da qualidade total e os esforços de certificação ISO,Planejamento de Recursos da manufatura (MRP II), Just-in-Time (JIT), e foram incluídos os fornecedores imediatos, transporte e especialistas em distribuição.

Com o aumento da concorrência global a partir da década de 1990, a gestão dos elos externos à organização deu início às alianças estratégicas. Ao mesmo tempo, a tecnologia da informação ganhou velocidade e surgiram os ERP´s, o gerenciamento de dados de produto e a integração da manufatura por computador (CIM) tornou-se disponível.

Os fornecedores foram incluídos de forma pragmática para reduzir custos e melhorar a qualidade, trabalhando com menos fornecedores de forma mais estratégica, visando eliminar tarefas redundantes. Esta visão foi estendida e ampliada, incluindo não só fornecedores, mas também os prestadores de serviços e os clientes.

Portanto, Forrester foi o primeiro pesquisador a descobrir que a amplificação da demanda era um problema encontrado no mundo real nos anos cinqüenta do século XX (Forrester, 1958). Ele analisou o problema em pormenor no seu livro (Forrester,1961). A partir desse momento, uma grande quantidade de pessoas se comprometeu a seguir as regras por ele estabelecidas.

A variância dos pedidos recebidos por vendedores próximos aos clientes é menor do que a variação da demanda de vendedores mais afastados e a proporção pode ser gradualmente ampliada se o pedido tiver que passar pelos diversos elos da cadeia de suprimentos que fazem o estoque flutuar intensamente quanto mais distante no tempo for a participação do referido elo.

Forrester concluiu que os problemas derivados da existência de prazos de entrega (“prazos de entrega diferentes de zero “), e da imprecisão das previsões realizadas pelos diferentes membros da cadeia em face da variabilidade da demanda recebida geravam o fenômeno chamado de efeito chicote que é responsável por inúmeros problemas na Cadeia de Suprimentos.

Tendo estudado este problema, METTERS et al apontou que o lucro da empresa poderia ser aumentado em 15% a 30%, se certos  métodos para reduzir o efeito fossem ser aplicados de forma eficaz (METTERS, 1997). O efeito chicote da cadeia de suprimentos foi quantitativa analisadas por Lee e Chen (Lee, 1997, 2000, Chen, 2000), prendendo a atenção dos estudiosos a este problema.

Forrester sugere um  modelo dinâmico para o estudo  e solução do impacto de custo no estoque. O modelo demonstra sua utilidade para estudar as interdependências entre os diferentes membros da mesma cadeia de abastecimento. O modelo serve também como uma ferramenta muito útil para o nível tático das organizações.

Depois de validar o seu desempenho, a ferramenta oferece os parâmetros essenciais (variáveis auxiliares) e elementos (variáveis em nível e as variáveis de fluxo) para a Gestão da Demanda. Simplesmente mudando os valores que definem esses parâmetros, o modelo é capaz de dar resultados que, uma vez analisados, facilitam o processo de tomada de decisão.