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O fracasso de uma empresa, seja por insolvência ou falência, é um tema que motiva os pesquisadores de tempos em tempos, sobretudo, quando as crises aprofundam os problemas e a concorrência diversas áreas ao longo do tempo. No Brasil, pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, nos últimos anos, 96% dos empregos criados foram gerados por pequenas e médias empresas, demonstrando a representatividade e responsabilidade deste segmento na geração de renda para a economia do país. Além disso, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE), em relatório de pesquisa concluído em 2004, contendo os fatores condicionantes e taxas de mortalidade das empresas brasileiras; identifica que 49% das empresas encerram suas atividades com até dois anos de existência, 56% com até três anos de existência e 60% não sobrevivem além dos quatro anos.
Nos Estados Unidos, a cada ano, aproximadamente cem mil empresas pedem falência. A maioria delas são empresas pequenas e privadas, mas aproximadamente 1% das empresas com ações em bolsa também sucumbe a cada ano (BREALEY; MYERS, 2005).
Apesar de se encontrar na literatura justificativas de ordem macro e microeconômicas sobre empresas que nascem, crescem e se mantêm saudáveis, e outras que nascem, crescem e morrem repentinamente, o tópico de previsão de insolvência tem se tornado uma importante área de estudos dentro das Finanças Corporativas. Neste mês, abordaremos os motivos que levam uma empresa encerrar suas atividades.
A falência é uma decisão crítica para os negócios em que as empresas declaram a sua incapacidade de satisfazer as suas obrigações financeiras e obter proteção dos credores. Contrariamente à opinião pública, a falência não é o desaparecimento da empresa. Em vez disso, muitas jurisdições ao redor do mundo oferecem duas alternativas para levar à falência as empresas: liquidação e reorganização. Enquanto a liquidação de fato traz a falência da empresa ao fim, a reorganização é um processo desenvolvido para fornecer saúde operacional às empresas com alívio de seus encargos financeiros e para continuar operando.
Ooghe e Waeyaert (2006), considerando fatores financeiros e não financeiros, propõem um modelo teórico em que são identificadas cinco categorias principais de causas de insolvência. Como segue:
Ao analisar a falência, normalmente, os estudos mostram que há pelo menos dois ou mais fatores que contribuem para a insolvência. (figura 1)
Os estudos de casos de insolvência têm sido analisados em termos de previsão, por isso, eles consideraram empresas ainda não insolventes, mas próximas a este estágio. Uma amostra dessa análise utilizada consistindo de grandes e médias empresas que se tornaram insolventes em 2011 e 2012 com base em 650 processos de falência (figura acima).
As causas de insolvência das empresas indicam como a principal causa, o alto grau de endividamento; outras causas comuns que geraram os desequilíbrios das empresas referem-se a uma redução da demanda, perdas contínuas da empresa, um grau de influência sobre capacidade contributiva real, e decisões erradas da equipe de gestão.
Embora a queda na demanda seja a principal causa apresentada pelos gestores, uma análise cuidadosa mostra que ela está em 3º lugar, enquanto em segundo lugar situam-se as decisões erradas da equipe de gestão.
As análises verificam que há muito poucas situações em que a insolvência de uma empresa tem uma única causa. Na maioria dos casos, é causada por 2-3 fatores agregados que se sobrepõem e combinam decisões de gestão com as circunstâncias externas. Mas, o mais grave é que as equipes de gestão não são capazes de detectar ou não admitem situações de insolvência no tempo; mais de 90% das empresas são declaradas insolventes em pelo menos 18 meses após o aparecimento deste estado, o que diminui as chances de recuperação da empresa.
A redução na demanda é uma causa específica para a atividade comercial, enquanto a falta de rentabilidade afeta com frequência a produção. A perda continuada de vendas e/ou mercado, e seus efeitos de desequilíbrio em cadeia no negócio, onde a insolvência de uma empresa tem um impacto direto sobre os outros (5%). Em 4% dos casos, perdas de contratos importantes, a concorrência desleal ou morte do acionista principal foram os principais motivos que levaram à insolvência de uma empresa.
Aprofundando o estudo dos relatórios sobre as causas e circunstâncias da falência, notou-se que em 70% dos casos, o aumento da dívida foi o principal motivo para recorrer à insolvência das empresas analisadas. Os restantes 30% ocorreram por falta de investimento, representada pela diminuição dos ativos detidos por grandes empresas ou perda ou cancelamento de contratos com determinados clientes, geralmente as grandes.. Mais de 50% das empresas analisadas relatou nas demonstrações financeiras anuais de 2012 diminuições no volume de negócios de aprox. 12%, redução de renda diferido de aprox. 8% e reduções nos estoques realizada de cerca de 7%. Ao mesmo tempo, o nível de endividamento entre o total de dívida e ativos totais no final do exercício de 2012 aumentou em cerca de 25% em relação a 2011. Uma vez que a dívida em 2012 e o aumento do investimento em ativos diminuiu, podemos dizer que estamos em a situação de má gestão.
Perda de encomendas ou cancelamento de contratos existentes com clientes importantes foi outro motivo que levou à abertura do processo de insolvência (mais de 60% das empresas analisadas perderam contratos com os principais clientes em 2012). Uma vez que a percentagem de ativos correntes aumentaram em 2012, podemos dizer que os produtos fabricados pelas empresas estudadas mantiveram-se em estoque, por não terem sido capazes de perceber que preferências dos clientes mudou, na direção a produtos mais baratos similares de mercados estrangeiros.
Já Roggia et al (2008) afirmam que “após exame da amostra das empresas falidas e das empresas não falidas, centraram a análise em cinco hipóteses testáveis”:
Hipótese 1 | Empresas menores e mais jovens têm mais probabilidade de falir do que outras empresas |
Hipótese 2 | Empresas de manufaturas são menos prováveis de falir do que outras empresas |
Hipótese 3 | Empresas com proprietários e administradores com pouco conhecimento são mais prováveis de falir do que outras empresas |
Hipótese 4 | Empresas com menos acesso ao capital são mais prováveis de falir do que outras empresas |
Hipótese 5 | Empresas que enfrentam mercados limitados ou deteriorados são mais prováveis de falir do que outras empresas |
Quadro – Hipótese da pequisa de Carter e Van Auken
Fonte: Carter e Van Auken (2006)
Roggia et al, através de pesquisa de campo, evidenciam na tabela abaixo, os rankings médios dos 25 problemas contributivos à falência respondidos pelas empresas falidas e empresas não falidas e suas respectivas diferenças. As seis áreas de problemas para as empresas falidas que são significativamente maiores (em importância) que o ranking geral médio de 2,75 são:
(1) falta de dinheiro = 4,14;
(2) fluxo de caixa precário = 3,67;
(3) disponibilidade de empréstimos pessoais para o negócio = 3,25;
(4) falta de um mercado-alvo específico = 3,00;
(5) garantias pessoais para empréstimos pessoais = 3,00;
(6) vendas inadequadas (inadimplência e atrasos de pagamento) = 2,94.
Observa-se que, para as empresas não falidas, há sete variáveis de impacto em que o ranking médio das respostas é significativa ente maior (em importância) que ranking geral médio de 3,06:
(1) falta de dinheiro;
(2) fluxo de caixa precário;
(3) tributação elevada;
(4) vendas inadequadas (inadimplência e atrasos de pagamento);
(5) condições competitivas difíceis;
(6) regulamentações federais;
(7) histórico financeiro precário (cadastro)
Variáveis | Falida | Não Falida |
Falta de dinheiro | 4,14* | 4,51* |
Fluxo de caixa precário | 3,67* | 4,38* |
Disponibilidade de empréstioms pessoais para o negócio | 3,25* | 2,33** |
Garantias pessoais para empréstimos pessoais | 3,00* | 2,30** |
Falta de mercado-alvo específico | 3,00* | 2,44** |
Vendas inadequdas (inadimplência e atrasos de pagamento) | 2,94* | 3,69* |
Tributação elevada | 2,69* | 4,00* |
Histórico financeiro precário (cadastro) | 2,67** | 3,10* |
Condições competitivas difíceis | 2,55** | 3,67* |
Despesas operacionais elevadas | 2,37* | 3,00** |
Alto custo dos empréstimos | 2,18* | 3,03** |
Crescimento rápido (desequilíbrio) | 1,92** | 2,38** |
Regulamentações fedeirais | 1,78** | 3,61* |
Fraude ou desastre | 1,63** | 2,21* |
Problemas pessoais | 2,59 | 3,05 |
Estretégia promocional ineficaz | 2,69 | 2,39 |
Falta de conhecimento sobre precificação | 2,31 | 2,64 |
Problemas com fornecedores | 2,59 | 2,66 |
Problemas com estoque (excesso ou falta) | 2,82 | 2,87 |
Falta de um plano de negócios a longo prazo | 3,39 | 3,36 |
Falta de habilidades grenciais |
2,57 | 2,95 |
Economia pobre | 2,69 | 3,23 |
Disponibilidade de empréstimos empresariais | 3,37 | 3,10 |
Disponibilidade de capital próprio para o negócio | 3,71 | 3,57 |
Ranking Médio | 2,75 | 3,06 |
OBS: Um (*)asterisco indica que o valor estatístico de z é significante e que a média das respostas está acima (com um nível de significância 5% ou melhor) do ranking médio de todas as questões. Dois (**) asteriscos indicam que a média é estatísticamente significativa abaixo do ranking médio de todas as respostas.
Ao se comparar os principais problemas apontados pelas empresas falidas e não falidas, observa-se conforme a Tabela acima, que além dos problemas em comum como: falta de dinheiro, fluxo de caixa precário e vendas inadequadas, outros fatores tais como: disponibilidade de empréstimos pessoais para o negócio; garantias pessoais para empréstimos pessoais; tributação elevada; e histórico financeiro precário, estão diretamente ligados à insolvência associada a fluxos monetários das empresas.
Conclusões:
Enquanto que para a pequena e média empresas, algumas das principais causas de falência são planejamento pobre, falta de financiamento, falta de negócios experiência e falta de disciplina pessoal. Qualquer empreendedor que esteja pensando em abrir seu próprio negócio deve ter não só a visão dos objetivos , metas e estratégia da empresa, mas um forte plano de negócio.
Uma parte importante deste plano de negócios deve ser uma estratégia de saída, caso o negócio venha a passar por problemas que não permitam ter continuidade. Nenhuma empresa deve começar com dinheiro suficiente apenas para realmente iniciar um negócio, muitos empresários não percebem que leva de dois a três anos para a maioria das empresas gerar lucro.
Mesmo que você seja seu próprio patrão, a auto-disciplina torna-se um elemento muito importante para o sucesso de um pequeno negócio. Junto com a auto-disciplina, um indivíduo deve possuir experiência na indústria em que ele está tentando estabelecer seus negócios.
Nas Grandes empresas, uma das principais lições a serem aprendidas é começar a entender os sintomas, a partir de paradas na cadeia de suprimentos e a velocidade de resposta da empresa a essas paradas – ela é crítica!.
O tempo entre uma interrupção e sua descoberta é o primeiro elemento – por isso é importante a utilização de soluções de TI para detectar quando uma interrupção ocorre. O segundo elemento do tempo de resposta é o tempo de recuperação da parada a partir da descoberta do problema (financeiro, vendas, fornecedor, contábil, determinações governamentais, concorrência, entre tanto outros). As empresas que já estabeleceram planos de contingência e soluções de visibilidade, serão capazes de se recuperar mais rapidamente e rapidamente mitigar o impacto dessas perturbações.
A base para garantir a continuidade de uma empresa no mercado é investir numa cadeia de suprimentos contínua que inclui melhoria do conhecimento da natureza das ameaças e treinamento para saber quando e como responder.
Melhor visibilidade de eventos é um constante desafio, e há uma pressão sobre as empresas para que elas identifiquem soluções que possam auxiliar a suportar e desenvolver essas capacidades.
Bibliografia:
BREALEY, Richard A, MYERS, Stewart. Finanças Corporativas: Financiamento e Gestão de Risco. Bookman, 2005.
OOGHE, H., DE PRIJCKER, S. (2006), “Failure processes and causes of company bankruptcy: a typology, Department of Accountancy & Corporate Finance”, Ghent University, Working Paper, No. 388.
ROGGIA, Antônio Luis Zenkner; COLOMBO, Jéfferson Augusto; TERRA, Paulo Renato Soares, Determinantes da falência de empresas do município de Novo Hamburgo; disponível em http://www.anpecsul2011.ufsc.br/?go=download&path=2&arquivo=4_530927080.pdf.
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