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Mar 2019 – Os Profissionais de Supply Chain precisam se preparar para a era digital.


As cadeias de suprimento tradicionalmente lineares habituadas a seguir uma progressão discreta de acordo com o modelo SCOR: PLAN, SOURCE, MAKE, DELIVER, hoje, se vêem obrigadas a transformar sua sequência estável de processos num sistema dinâmico e interconectado que pode incorporar mais prontamente parceiros ecossistêmicos e evoluir para um estado mais otimizado ao longo do tempo.
Essa mudança de operações lineares e sequenciais da cadeia de suprimentos para um sistema aberto e interconectado de operações de fornecimento pode vir a estabelecer as bases para a maneira como as empresas competirão no futuro – o que está sendo denominado sistema aberto interconectado de rede de suprimento digital (DSN) – usado para integrar informações de várias fontes e locais diferentes e impulsionar o ato físico de produção e distribuição.
O resultado é um mundo virtual, que espelha e informa o mundo físico; aproveitando tanto o tradicional quanto o novo, como conjuntos de dados baseados em sensores (como dados não estruturados), os DSNs permitem visões integradas da rede de suprimentos e respostas rápidas de latência apropriada a casos de uso para situações de mudança.
Muitas organizações que já estão no caminho da criação de DSNs estão mudando seu foco para o gerenciamento e otimização de funções distintas, como compras e manufatura e se concentrar mais holisticamente numa cadeia de suprimento integrada para atingir melhor os objetivos de negócios, ao mesmo tempo em que informa as estratégias corporativas, de unidade de negócios e de portfólio. Para esse fim, as organizações podem desenvolver e alavancar vários DSNs para complementar diferentes facetas de sua estratégia e atender de forma mais eficaz a necessidades específicas.
Nosso artigo desse mês está focado em: Os Profissionais de Supply Chain precisam se preparar para a era digital.
1. Introdução:
Ao longo dos últimos 20 anos os profissionais da cadeia de suprimentos focaram sua gestão em – volatilidade, volume, velocidade e visibilidade – em paralelo aos esforços para otimizar os resultados que incluíam custo total, serviço, qualidade e suporte à inovação.
Essas prioridades tradicionais não devem se alterar, mas, no futuro, os gestores da cadeia de suprimentos serão capazes de atingir níveis mais altos de desempenho com os recursos que as tecnologias digitais agregarão a ela; serão também capazes de criar novas fontes de receita, fornecendo acesso novo e mais rápido aos mercados e apoiando a produção de produtos inteligentes.
A mudança não será fácil, mas a digitalização de informações e a aplicação de tecnologias inovadoras avançadas apresentam a oportunidade de gerar valor comercial em toda a cadeia de suprimentos; além disso, a ruptura digital pode mudar as cadeias de suprimento em qualquer setor.
Por isso, para evitar tornar-se vítima dessa ruptura e ajudar os profissionais da área a entender essas mudanças e se adaptar de acordo abordaremos esse tema.
Em pesquisa conduzida pela DELL em Julho de 2017, da qual participaram 3.800 diretores, de médias empresas operando em de 17 Países; nos segmentos de indústria automotiva; serviços financeiros; saúde pública e privadas; ciências da vida; entretenimento; óleo e gás e produtos de consumo; sendo os mesmos responsáveis pelos processos de finanças; vendas; TIC; serviço ao cliente; produção e manufatura; recursos humanos; marketing; pesquisa e desenvolvimento e cadeia de suprimentos.
Ao opinarem sobre as tecnologias que mudarão nossas vidas até 2030, responderam como no gráfico 1:

fig 1

Figura 1: adaptação pelo autor
As respostas à pergunta: como você imagina a tecnologia impactando a maneira como vivemos em 2030? Mostram em sua maioria, um equilíbrio de opiniões; talvez porque 2030 esteja distante para alguns avaliarem a viabilidade da ocorrência de algumas das tecnologias e seus impactos.
2. Impactos da Tecnologia
Como sabemos, a cadeia de suprimentos de qualquer organização deve estar focada na produção de produtos acabados ou prestação de serviços; bem como, na movimentação de materiais, produtos, capital e demais ativos. Essencialmente essas atividades consistem em muitas transações envolvendo; tempo, recursos financeiros, informação ou materiais físicos por alguma outra unidade de valor. Desenvolvimentos tecnológicos e digitais dramáticos, como maior poder de computação e custos gerais mais baixos, afetaram a cadeia de suprimentos tradicional de várias maneiras importantes, incluindo a redução dos custos de transação e o aumento da inovação relacionada ao próprio processo de produção.
Na busca incessante pela redução de custos (o que torna as empresas eficientes e competitivas), aumentou o poder e a eficiência através das tecnologias para as operações dos negócios, interna e externamente; o retorno sobre cada processo, cada minuto das operações, ou ainda aprofundamento da análise sobre os padrões de demanda do cliente ou fornecedor está mais ao alcance financeiro do que antes.
Disponibilidade de informações facilmente manipulada e com menor investimento em tecnologias parece exigir que as cadeias de suprimentos comecem a incorporar e utilizar inteligência aumentada. Embora o fluxo linear tradicional permaneça inalterado, os dados subjacentes agora fluem pelos nós da cadeia de suprimentos, dinamicamente e em tempo real (ou a qualquer passo que seja necessário).
As novas interconexões entre processos e subprocessos transformaram cadeias de suprimentos em redes eficientes e preditivas. Quando o custo das transações cai, aumenta a capacidade de transações com mais e diferentes parceiros. Isso cria uma oportunidade de mudar para um mundo de maior oferta de Cadeias de Suprimentos em rede, mais conectado, já que as empresas podem simplesmente se conectar com parceiros mais diferentes quando e onde necessário, a fim de fornecer um valor substancialmente maior. (figura 2)

fig 2

Figura 2: adaptação pelo autor
As respostas dos entrevistados praticamente estão empatadas à exceção das interações face a face e uso de tecnologias imersivas (que hoje já estão trazendo grandes resultados) estão, por isso, consideradas uma realidade viável.
3. A mudança da cadeia de suprimentos linear para a uma rede dinâmica
Do exposto, vemos que essas mudanças podem levar a um colapso virtual na cadeia de suprimentos; o que não significa um desastre, mas sim uma oportunidade para início de uma nova era de mudanças – das cadeia de suprimentos lineares tradicionais para um conjunto de redes dinâmicas – permitindo além disso uma diferença drástica de crescimento sustentado, para as organizações capazes de aproveitá-las e aproveitá-las.
O aumento da conectividade digital e das capacidades tecnológicas deve reduzir os atrasos e erros entre novas informações e ações materiais, pois nas cadeias de suprimentos tradicionais, a informação viaja linearmente, com cada etapa dependente da anterior – ineficiências em uma etapa resultam em uma cascata de ineficiências similares nos estágios subsequentes – as partes interessadas têm pouca ou nenhuma visibilidade sobre outros processos, o que limita sua capacidade de reagir ou ajustar suas atividades. (o efeito “chicote”)
À medida que cada processo de suprimento se torna mais capaz e conectado, o colapso ocorre em uma rede dinâmica e integrada; os sistemas abertos interconectados de rede de suprimento digital (DSNs) superam o atraso da reação da cadeia de suprimentos linear, empregando dados em tempo real para melhor informar as decisões, fornecer maior transparência e permitir uma colaboração aprimorada em toda a rede de suprimentos. É importante observar, no entanto, que as organizações provavelmente terão mais de um DSN.
4. Características da cadeia de suprimentos digital:
Como o sistema aberto interconectado de rede de suprimento digital (DSN) está sempre ativado, seus sensores e demais ferramentas baseadas em localização transmitem dados continuamente para fornecer visualizações integradas de múltiplas facetas da rede com pouco ou nenhum erro; permitindo que o DSN resolva muitos outros problemas dentro da cadeia de suprimentos, além de simplesmente superar os desafios de falhas / erros.
Essa e as demais características principais da DSN descrevem muito mais do que uma transmissão de dados mais rápida, elas ilustram como as empresas podem desenvolver um quadro muito mais completo da rede total de suprimentos – o que pode fomentar decisões estratégicas mais informadas. Por espelhar uma comunidade conectada – suas partes interessadas – fornecedores, parceiros, clientes, produtos e ativos, entre outros – se comunicam e compartilham dados e informações diretamente.
Esse tipo de conexão permite uma maior sincronicidade dos dados, garantindo às partes interessadas os mesmos dados ao tomar decisões e permitindo que as máquinas tomem decisões operacionais. A otimização inteligente descreve a capacidade de máquinas e humanos trabalharem juntos, compartilhando dados que podem ser analisados para otimizar a tomada de decisões.
Da mesma forma, a transparência de ponta a ponta pode fornecer visibilidade instantânea em vários aspectos da cadeia de suprimentos de uma só vez, fornecendo insights sobre áreas críticas. Em vez de simplesmente visualizar lotes discretos e em silos de informações de várias origens e tentar agrupá-los manualmente ou por meio de outros sistemas, os DSNs permitem que as empresas acompanhem o fluxo de material, sincronizem cronogramas, equilibrem oferta e demanda e comparem de maneira holística às finanças. De certo modo, isso equivale a um mapa completo da rede de suprimentos, no qual as empresas podem ver como todos os componentes interagem e se relacionam entre si. Isso, por sua vez, pode permitir a tomada de decisões holísticas, em que a transparência das informações em todas as áreas da rede de suprimentos – e em todas as funções – pode permitir melhor balanceamento de oferta e demanda, bem como a tomada de decisões. O planejamento estratégico pode permitir que as organizações compreendam claramente os trade-offs que qualquer decisão possa implicar. Esse tipo de pensamento holístico pode permitir transformações estratégicas mais amplas: em vez de planejar melhorias incrementais na cadeia de suprimentos, as organizações podem considerar como a rede de suprimentos pode ser usada para alimentar o crescimento em toda a empresa.
Continuaremos no próximo mês.
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5. Bibliografia:
Brenna Sniderman, Monica Mahto, and Mark Cotteleer, Industry 4.0 and manufacturing ecosystems: Exploring the world of connected enterprises, Deloitte University Press, February 22, 2016, http://dupress.com/articles/ industry-4-0-manufacturing-ecosystems-exploring-world-connected-enterprises/.
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3. Moore’s Law refers to the principle developed by Gordon Moore of Intel in 1965, which observed that processing capabilities would double roughly every two years.
4. Jonathan Holdowsky et al., Inside the Internet of Things (IoT): A primer on the technologies building the IoT, Deloitte University Press, August 21, 2015, https://dupress.deloitte.com/dup-us-en/focus/internet-of-things/iot-primeriot-technologies-applications.html.
5. Stephen A. Edwards, “History of processor performance,” Columbia University Department of Computer Science, April 24, 2012, http://www.cs.columbia.edu/~sedwards/classes/2012/3827-spring/advanced-arch-2011.pdf.
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7. For further information about Industry 4.0, see Sniderman, Mahto, and Cotteleer, Industry 4.0 and manufacturing ecosystems.
8. Oliver E. Williamson, “The economics of organization: The transaction cost approach,” American Journal of Sociology 87, no. 3 (1981).
9. An example of these effects in the case of additive manufacturing can be found at Kelly Marchese, Jeff Crane, and Charlie Haley, 3D opportunity for the supply chain: Additive manufacturing delivers, Deloitte University Press, September 2, 2015, http://dupress.deloitte.com/dup-us-en/focus/3d-opportunity/additive-manufacturing-3dprinting-supply-chain-transformation.html; Alfred D. Chandler Jr., Scale and Scope: The Dynamics of Industrial Capitalism (Boston: Harvard University Press, 1990).
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12. For more information on the creation, communication, aggregation, analysis, and action on data, see Michael Raynor and Mark Cotteleer, “The more things change: Value creation, value capture, and the Internet of Things,” Deloitte Review 17, Deloitte University Press, July 27, 2015, https://dupress.deloitte.com/dup-us-en/deloittereview/issue-17/value-creation-value-capture-internet-of-things.html.
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